quinta-feira, 12 de abril de 2007

Sais pelo sonho como de um casulo e voas


Sais pelo sonho como de um casulo e voas.
Com tal leveza podes percorrer o mapa
e ir e vir ao acaso, ar e nome:
como as borboletas.

Não és tu, mas a tua memória com asas.

E abrem-se os palácios,
e percorres os tesouros guardados,
e és sorriso e silêncio
e já nem precisas mais de asas.

Na noite encontras o dia, claro e durável.
Voas sobre séculos e horóscopos.
Ouves dizer que te amam
como ninguém jamais o poderia confessar.

Não tens idade nem tribo,
nem rosto nem profissão.
Podes fazer o que quiseres com palavras, harpas, almas.

E quando voltas ao teu casulo
já não tens medo nenhum da morte.
E em teu pensamento há néctar e pólen.

Cecília Meireles

2 comentários:

DPNB disse...

Cecília... sempre Cecília... voemos como fazem as borboletas e quem sabe um dia não sejamos a inspiração de um escrito assim?

Carla Luz disse...

Eu quero poesias do Firmino!!!!!!!!!!!!
Beijocas!

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