quinta-feira, 12 de abril de 2007

Sais pelo sonho como de um casulo e voas


Sais pelo sonho como de um casulo e voas.
Com tal leveza podes percorrer o mapa
e ir e vir ao acaso, ar e nome:
como as borboletas.

Não és tu, mas a tua memória com asas.

E abrem-se os palácios,
e percorres os tesouros guardados,
e és sorriso e silêncio
e já nem precisas mais de asas.

Na noite encontras o dia, claro e durável.
Voas sobre séculos e horóscopos.
Ouves dizer que te amam
como ninguém jamais o poderia confessar.

Não tens idade nem tribo,
nem rosto nem profissão.
Podes fazer o que quiseres com palavras, harpas, almas.

E quando voltas ao teu casulo
já não tens medo nenhum da morte.
E em teu pensamento há néctar e pólen.

Cecília Meireles

domingo, 8 de abril de 2007

Quero falar tua língua

Quero falar tua língua,
sentir-te minha, livre e desinibida.
Não quero mais os versos esparsos,
minutos escassos, momentos contados.
Eu quero falar tua língua

Quero ouvir as ondas, sentir o som,
de tua boca, da tua língua.
Dentro do peito, teu coração,
tornar-me parte da tua vida.
Desejo falar tua língua

Quero subir aos céus, descer a terra,
em um momento, por um segundo.
Sentir na pele teu suave toque,
Sentir-me homem e também menino.
Imprescindível falar tua língua.

Quero esquecer do mundo, as minhas dores,
quando deitar-me sobre o teu peito.
Aconchegando-me sob teu seio,
dormir tranqüilo em tua pele.
Preciso falar tua língua.

Quero ouvir o canto dos puros anjos,
Cantar hosanas à sua altura.
Fazer do dia simples arranjos,
E do teu corpo A partitura.
Por isso quero falar tua língua.

Firmino Maya

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Dualidade (Um ser ambíguo)



Dois seres habitam dentro de mim.
Existe entre eles, um intenso conflito.
Dia e noite, lutam, duelam e digladiam,
Por minha vida e me disputam no grito.

Um quer paz o outro a guerra;
Um é côncavo o outro convexo;
Um é vice o outro é versa;
Um é frente o outro é verso.

Um quer tudo o outro nada;
Um quer ele o outro ela;
Um é fêmea o outro é macho;
Um é fera o outro é “bela”.

Um é pai, simples e casto,
O outro é chique, libertino e filho.
Um é rude, bruto e esnobe,
O outro é doce, terno e maltrapilho.

Um é luz o outro é sombra;
Um é virgem o outro é “puta”;
Um é homo o outro é hetero;
Um descansa o outro labuta.

Um é feio, frágil e água,
O outro é firme, vinho e belo.
Um separa, é praia e fraco,
O outro é forte, é campo e elo.

Por meu controle, noite e dia, me disputam.
Por meu domínio, nessa batalha, eles persistem.
Mesmo sabendo que essa guerra não tem fim,
Eles não vencem, nunca perdem e nem desistem.

Firmino Maya

"Não te amo mais"



Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Autor Desconhecido

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quarta-feira, 4 de abril de 2007

Cálice

Quero
beber do teu mel,
sorver o teu fel.
Embriagar-me,
inebriar-me.
Com o néctar servido
em teu cálice
insano e puro.

Firmino Maya

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Para se fazer poesia


Para se fazer poesia
não é preciso ter grandes culturas,
faculdade, mestrado ou doutorado.
Basta saber ouvir, querer, sentir e amar:

Ouvir a voz que vem do teu íntimo,
querer falar sobre o mundo lá fora e
sentir a vida brincando a tua volta.

Para se fazer poesia
não é preciso saber usar a pena,
caneta, máquina ou computador.
Basta saber querer, sentir, ouvir e amar:

Querer gritar para o mundo,
sentir uma força estranha crescer em ti e
ouvir a voz que não quer calar.

Para se fazer poesia
não se preciso de muita leitura,
ciência, doutrina ou frescura.
Basta saber sentir, ouvir, querer e amar:

Sentir a vida pulsando em teu corpo,
ouvir a voz que vem do coração e
querer dizer ao outro o que pensa.

Para se fazer poesia
não é preciso saber ler ou escrever,
caminhar, viver ou morrer
Basta saber ouvir, querer, sentir
e amar, simplesmente amar...

E isso se chama viver.


Firmino Maya

domingo, 1 de abril de 2007

Criança


Viver sem maldade,
Dormir com tranqüilidade.
Sonhar com o impossível,
Acordar com ingenuidade.

Um dia já fomos assim,
Um dia, seremos de novo.

Inocentes no agir,
Livres no pensar,
Coerentes no sentir,
E verdadeiros no amar.

Um dia, quem sabe,
Voltaremos a ser criança.
Um dia, quem sabe,
Voltaremos a ser felizes.

Firmino Maya
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