Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence o vencedor;
é ter, com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos a amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
4 comentários:
Camões é Camões, né?
Eu gosto muito desse soneto!
Ahhh o amor...
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