Há algum tempo atrás ouvi de uma pessoa próxima uma afirmativa que, de certa forma, me deixou um pouco intrigado. Todos nós somos carentes, uns mais outros menos, mas todos sem exceção temos algum tipo de carência. Será uma completa verdade essa afirmativa? Comecei a pensar sobre o assunto e no meio desses pensamentos deparei-me com uma outra idéia: todos nós temos, de um modo ou de outro, que prestar contas à sociedade e ter uma vida social. Isto é, está implícito, que devemos fazer parte de algum grupo ou formar uma família. Seja para satisfazer nossos desejos e anseios mais íntimos ou para a satisfação pessoal dos que estão à nossa volta.
Mas e onde ficam aqueles que não querem seguir essa tendência dita natural e preferem viver suas vidas sem essa busca incessante, sem essa necessidade de juntar-se a outra pessoa? Em alguns casos são vistas como exóticos, como extravagantes e até mesmo como pessoas de menor valor social. Contudo será que essas pessoas estão tão erradas assim, será que temos mesmo que juntar nossas escovas de dentes com outra pessoa? Sinceramente creio que não. Bom, de qualquer forma cada indivíduo tem o direito de pensar do modo que achar ideal mais conveniente.
Mesmo sabendo do direito que cada um tem de pensar, viver e agir do modo que melhor entender para sua vida, ainda assim a sociedade, ou alguns de seus membros, ainda insiste em olhar para essas pessoas com as mais diversas variações dos modos em que se pode olhar alguém. Desde o modo mais irreverente até o modo mais cruel. Vejamos, se um cidadão ou cidadã decide viver sozinha logo as pessoas que convivem com ela passam a brincar dizendo que ela está ficando “pra titia”, que está encalhado, que vai envelhecer e não terá ninguém para ajuda-lo; quando não começam a surgir os comentários jocosos e venenosos questionando a sexualidade da pessoa, como se isso fosse da conta de alguém.
Aqui conclamo os amigos para juntos chegarmos a uma conclusão: será que temos o direito de “investigar”, para usar um termo educado, a vida dos outros? Será que é realmente da nossa conta o que o outro está fazendo ou o por que dele não estar casado ou vivendo com outra pessoa? Alguns dirão que sim, temos o direito e o dever de saber sobre a vida do outro. Outros dirão que não, que cada um deve viver sua vida do modo que melhor lhe convir. E isso depende de cada um, depende da forma como essa pessoa foi criada, como seus princípios lhe foram passados. É isso que vai dizer intimamente se estarmos certos ou errados em tomar conta da vida do outro. Mas uma coisa precisa ser dita aqui. Cada um tem o direito e o livre arbítrio de fazer e viver do modo que quiser desde suas escolhas ou opções não sejam contrarias as leis que regem aquela coletividade ou sociedade. Por que se as regras da sociedade estão sendo desrespeitadas é nesse momento que temos não somente o direito, mas o dever de intervir na situação para que a sociedade possa continuar no seu caminho.
Tonni Nascimento
Um comentário:
É verdade, Tonni.
Pelo menos o meu bairro valoriza as mulheres casadas e com filhos. Como se houvesse uma ordem: pequena e adolescente - escola; adolescente mais velha e adulta - namorando; adulta - casada e com filhos; e depois é envelhecer junto.
Mas o que acontece é que nem todo mundo vai ter alguém pra dividir a cama. Algumas vezes é porque se quer ficar solteiro, mas algumas vezes (como a minha hehehe) é ou por incompetência própria ou porque o "destino" resolveu que, pelo menos por enquanto, é melhor ficar só.
E não acho legal se meter na vida alheia ao ponto de fazer comentários que farão a auto-estima despencar. Algumas vezes vc quer saber da vida do amigo na esperança de vê-lo mais feliz, mas começar a fuxicar para depois jogar na cara dele (ou pelas costas, o que é pior) que ele não arruma ninguém, que é um encalhado, ou que seus relacionamentos nunca dão certo... aí já é demais.
Mas cada um vai seguindo sua vida como pode.
De que adianta arrumar alguém só pra não ficar só se não se gosta de verdade?
Assim eu prefiro ficar só. Ou eu gosto de alguém e fico com ele (se ele gostar de mim também, né?) ou eu não fico. Não tenho medo de ser realmente solteira. Não tenho medo de ficar sozinha em casa, não tenho medo de ter que aprender a consertar a lâmpada ou trocar o gás, nem tenho medo de ir ao cinema sozinha.
Só não gosto que me desvalorizem por isso, como se eu fosse menos mulher, como se eu não fosse capaz porque não tenho namorado e não sou casada (e não tenho filho! isso também conta).
Cada um vai seguindo sua vida como pode... e que sejamos todos felizes, cada um do seu jeitinho.
Postar um comentário