“Nas favelas, no senado, sujeira pra todo
lado, ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação”.
São com esses versos escritos por Renato Russo e que ficaram conhecidos na canção
“Que país e esse?” que começo mais um texto. Hoje todos aceitam o fato, inegável,
de que o nosso país está passando por um processo muito complicado tanto economicamente
quanto politicamente. E é com base nesse sentimento/entendimento que vou propor
aqui uma reflexão sobre o atual momento pelo qual estamos passando.
O que nos espera se deixarmos de lado o nosso
raciocínio, a nossa capacidade de dialogar racionalmente com pessoas que
divergem de nossos pensamentos e nos cercamos apenas daqueles que nos são simpáticos
nas ideias e ideais? O que será do nosso País se esquecermos da nossa História
e simplesmente deixarmos de lado tudo o que já passamos em décadas e séculos passados?
Será que teremos algum ganho real como sociedade, será que como uma nação
seremos vitoriosos? O que esse momento reserva para o futuro da nação?
Esquerda contra a Direita, MDB contra a Arena,
Capitalismo contra o Socialismo, Guerra Fria, “mal” contra o ”bem”. Será que não
aprendemos nada com a História? Até quando iremos alimentar esse clima de estupidez
e guerra ideológica que a cada dia ganha mais força? Até quando permitiremos
que grupos organizados nos digam como agir e pensar? Até quando iremos permitir
que os interesses particulares e escusos, de grupos seletos, ocultos ou não, nos
influenciem e ditem como devemos entender a situação atual? É preciso questionar,
é preciso refletir sobre isso.
Não nego para nenhum dos meus amigos e conhecidos
que tenho uma orientação política de centro-esquerda, mas nem por isso deixo
minha identidade ideológica e política eclipsar minha visão ou meu raciocínio. Essa
reflexão que proponho não tem o objetivo explicito ou implícito de doutrinar,
converter ou angariar pessoas para que pensem ou ajam do mesmo modo como eu. Não
é por conta da minha identificação política que vou evitar ouvir, debater e conversar
racionalmente com aqueles que tem uma visão política inversa à minha. Contudo sinto-me
na obrigação moral de tentar trazer um pouco de luz e racionalidade para essa
discussão. Pois somente com esse dialogo, com essa conversa inteligente e sem apegos
ou barreias passionais é que iremos esclarecer e ser esclarecidos sobre os
fatos que ocorrem a nossa volta e qual a melhor solução para essa situação. Isso
pode parecer para alguns utópico, mas se olharmos para o passado da sociedade boa
parte das maiores ideias e melhores soluções surgiram e foram desenvolvidas a
partir de ideias utópicas.
Devemos lutar sim como sociedade organizada
e de forma organizada, mas não contra o cidadão A, B ou C, muito menos contra
as Instituições que democraticamente e a muito custo conseguimos erguer. Temos o
dever e a obrigação de lutar racionalmente contra essa forma viciada que adotamos
de fazer política para que a Constituição e suas instituições sejam respeitadas
e sobrevivam a esse momento de turbulência pelo qual passamos. Temos que lutar,
mesmo em posições ideológicas divergentes, para que o melhor para o Brasil aconteça,
respeitando os direitos que tantos lutaram para que hoje usufruíssemos. Temos
que lutar não por pessoas e ideias particulares, mas pela nossa Pátria amada e
tão maltratada pelo seu povo para que quando surgir a pergunta que intitula esse
texto possamos responder: Esse é o pais que eu amo e sinto orgulho de fazer parte!
Tonni Nascimento