Para que a abelha, nossa irmã, produza
mel saboroso que, entre ceras, vaza,
há muita gente precavida que usa
plantar roseiras em redor da casa.
E é por isso, mortal, que a minha musa,
que, a te servir, por este sol que se abrasa,
só te oferece do cortiço e da asa
um mel, ou um pólen, que te amarga e acusa.
Não te queixes, portanto, se algum travo
Achares, sempre que um zumbido acene
a apressada fatura de algum favo.
O próprio inseto amolda-se ao suborno:
se não queres que a abelha te envenene
não lhe plantes mandrágoras em torno...
Humberto de Campos