domingo, 22 de março de 2015

Planeta água




Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
e deságua na corrente do ribeirão

Águas escuras dos rios
que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
e matam a sede da população

Águas que caem das pedras
no véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
no leito dos lagos, no leito dos lagos

Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d'água
é misteriosa canção
Água que o sol evapora, pro céu vai embora,
virar nuvem de algodão

Gotas de água da chuva,
alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva,
tão tristes, são lágrimas na inundação

Águas que movem moinhos
são as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
pro fundo da terra, pro fundo da terra

Terra, planeta água,
Terra, planeta água,
Terra, planeta água!

Guilherme Arantes

terça-feira, 17 de março de 2015

O Brasil e sua democracia quase infantil



Tenho um colega que quando quer me ofender me chama de petista. Isso não me ofende, até porque não vejo o adjetivo ofensivo. Mas não sei realmente o que ele pensa que é ser petista, mas acredito que não deve ser boa coisa. E, analisando os fatos do domingo (15/03), infelizmente, creio que ele não é o único. Nós brasileiros já passamos por um período onde quem discordava do governo não podia expressar sua opinião sem correr risco de morrer. Não pretendo aqui dar uma aula de história, pois os fatos estão aí para quem quiser realmente se informar sobre o que realmente aconteceu no nosso país.

Vendo e ouvindo as notícias e comentários sobre as manifestações tive a ideia desse texto. As chamadas para as passeatas incluíam a luta contra a corrupção, o governo e a presidente Dilma. Mas na prática o que vimos? Ataques contra a presidente, mas não vi nada (realmente) contra a corrupção. Vi milhares de pessoas utilizando o seu sagrado e democrático direito de se manifestar contra um partido político e uma pessoa que não são os que decidiram o passado e muito menos decidem sozinhos o presente e o futuro da nação.

Como disse, sou, às vezes, chamado de petista. Não nego que concordo com algumas posições do PT. Todavia discordo de outras, prefiro classificar-me como uma pessoa com visão política de centro-esquerda. Mesmo não sendo petista, não tem como não registrar alguns absurdos que vi. Pessoas acusando o PT/Dilma de não poderem mais ter o direito de acesso ao trabalho escravo, ofensas pessoais a presidente, a volta da ditadura, entre outros tantos absurdos. As pessoas devem procurar entender como é o nosso processo político. Mesmo sendo uma república presidencialista o presidente não decide tudo sozinho. Ele quase sempre vai precisar do apoio e aprovação do congresso nacional para questões de relevância nacional.

Muitas das opções de corruptibilidade existem por que o nosso processo é gerenciado por pessoas que fazem o que querem não em beneficio do povo, mas em beneficio dos grupos que os elegeram. E, por isso, criam entraves para os projetos que realmente interessam ao país ou os apoiam em troca de interesses pessoais. Esse processo, infelizmente, ocorre hoje, ocorreu no passado e vai continuar ocorrendo se não se fizerem as mudanças que são necessárias.

Ao invés de ir às ruas por birra política, incitados por setores da mídia e sociedade. As pessoas devem ir também para exigir que o legislativo faça o trabalho para o qual foi eleito: buscar o bem estar da sociedade como um todo e não o de alguns grupos. Devemos exigir que congresso e governo se unam para que as reformas, que há anos, circulam pelos corredores de Brasília saiam do papel. Desse modo teremos meios mais eficazes para coibir e, quem sabe, acabar com os escândalos que há anos assolam o nosso país. Não é tirando um presidente ou um partido do poder que iremos conseguir o Brasil que queremos. Temos é que aprender a votar e viver de forma realmente democrática para um dia termos um país melhor.

Tonni Nascimento


Publicado  originalmente no blog Pontos de vista.

domingo, 8 de março de 2015

Cromossomos XX ou XY?



“Que diferença da mulher o homem tem? Sei não! Espera aí que eu vou dizer meu bem. É que o homem tem cabelo no peito, tem o queixo cabeludo e a mulher não tem”. É com esses versos de “Tem pouca diferença” canção de Durval Vieira que começo esta crônica para versar sobre o tão festejado(?) Dia Internacional da Mulher. Até alguns anos atrás acreditava-se que a única diferença entre mulheres e homens eram os caracteres sexuais, com o passar dos anos e avanço da ciência outros diferenciais foram descobertos. Entre tais o famoso par de cromossomos XY presente apenas nos homens. Mas será isso tudo motivo para termos diferenças entre mulheres e homens?

Já paramos para pensar se essas tais diferenças são realmente importantes ou essenciais para as relações sociais entre mulheres e homens? Será que tanto hoje quanto no passado demos aos bons modos, à gentileza, ao respeito a importância devida que esses atributos, tão essenciais a convivência entre os seres humanos, merecem? Ou será que o que é mais relevante à vida nunca foi realmente valorizado? Hoje muitas mulheres fazem questão de serem presenteadas com flores, bombons, lembrancinhas singelas para que assim se sintam homenageadas e valorizadas como mulher. Mas muitas se esquecem de valorizar-se na sua condição de ser humano quando aceitam que a sociedade - e muitas vezes elas mesmas - se tratem como meros objetos de desejo e divertimento social.

Em muitas situações, na maioria delas infelizmente, os homens são verdadeiros monstros, no trato com suas companheiras. Mas aí basta que chegue o dia oito de março e, com ele, os presentes para que tudo, que foi praticado para humilhar e desvalorizar a mulher, seja esquecido. Afinal de contas ele lembrou do meu dia, dizem algumas, ele me comprou flores, dizem outras. Mas será que algum dia nós teremos a noção do real valor da mulher na nossa sociedade? Será que em algum momento a sociedade vai perceber que apesar das diferenças biológicas e psíquicas homens e mulheres são iguais? Quando iremos parar de fingir que não temos preconceitos de gênero? Pois ao ter a necessidade de oficializar uma data para lembrar da existência e importância da mulher é por que ainda não a enxergamos como uma igual. Quando nos dermos conta disso iremos perceber que não precisaremos de datas especiais para lembrar e valorizar as pessoas que estão a nossa volta.

Lembrei-me agora de uns versos de “Super homem, a canção” de Gilberto Gil que diz assim: “Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara, é a porção melhor que trago em mim agora, é o que me faz viver”.  Como diz o compositor quem dera se todo homem pudesse compreender o real valor de uma mulher, o verdadeiro valor de uma pessoa que sempre será capaz de deixar os seus problemas de lado, de sacrificar, por vezes, os seus desejos para que aquele que esteja ao seu lado possa realizar-se. Quando nós, homens, percebermos que a mulher é tão importante quanto qualquer um de nós, não mais precisaremos de um dia para lembrar dela, pois teremos os trezentos e sessenta e cinco dias do ano para exaltar o real valor desse ser que merece todo nosso carinho, atenção, respeito e amor durante o ano todo. Isso é o que eu desejo e espero ainda viver para ver isso acontecer na nossa sociedade.

Tonni Nascimento

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...